terça-feira, 14 de junho de 2011

Centrais sindicais prevêem “chuva de greves” no segundo semestre

MOBILIZAÇÃO: Inspirados nos ganhos dos metalúrgicos da Volks, sindicatos ameaçam parar fábricas.
Por: Wagner Gomes – Agência O Globo

Os trabalhadores ameaçam com uma chuva de greves no segundo semestre deste ano, depois do sucesso da paralisação de 37 dias que garantiu aos metalúrgicos da Volkswagen, no Paraná, maior parcela da Participação nos Lucros e Resultados (PLR) e aumento real de 2,5% para os salários. O presidente da Força Sindical, Paulo Pereira da Silva, o Paulinho, disse que as paralisações vão "pipocar" a partir do mês que vem, quando mais de cinco milhões de trabalhadores estarão em campanha salarial. Ontem, cinco centrais sindicais anunciaram grandes manifestações. A Central Única dos Trabalhadores (CUT) já havia anunciado uma mobilização para 6 de julho.

- Vamos nos espelhar nos trabalhadores da Volks e até nos bombeiros do Rio e partir para a greve. Há um sentimento dos trabalhadores de que o Brasil cresceu e eles não receberam nada em troca. A massa salarial cresceu, mas o salário individual continuou o mesmo ou cresceu muito pouco - disse Paulinho.

Aumento real - Além dos 5 milhões de trabalhadores da Força Sindical, outros dois milhões estarão em campanha salarial pela CUT no segundo semestre. Petroleiros e bancários têm data-base em setembro; químicos, em outubro; e metalúrgicos do ABC paulista, em novembro. No ano passado, eles conseguiram, em média, aumento real de 3,4%. O secretário-geral da CUT, Quintino Severo, disse que, apesar do crescimento menor da economia este ano, não dá para aceitar um reajuste menor que o de 2010.

- Vamos fazer uma campanha intensa, com muita greve, se for necessário - disse Severo.

"Há 50 anos ouvimos que salário gera inflação", afirma CTB

Força Sindical, União Geral dos Trabalhadores (UGT), Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB), Central Geral dos Trabalhadores do Brasil (CGTB) e Nova Central Sindical de Trabalhadores (NCST) montaram uma agenda comum de mobilizações. As cinco centrais sindicais vão a Brasília em 6 de julho para uma grande mobilização em frente ao Congresso. Haverá manifestações em 14 de julho na Região Norte, em 21 de julho no Nordeste, em 28 de julho no Sul e em 3 de agosto no Sudeste.
Os sindicalistas disseram que não aceitarão o argumento da equipe econômica do governo de que aumento real de salário gera inflação. Para Paulinho, o país conseguiu controlar a inflação e não há motivo para qualquer preocupação do governo:

- O Brasil já controlou a inflação. A inflação de commodities, de preços de alimentos e de aço no mundo todo, afetou a economia brasileira. Mas os preços estão apresentando sinais de desaquecimento.
O presidente da CTB, Wagner Gomes, também vê campanhas salariais mais intensas no segundo semestre. Ele disse que, da mesma forma que os trabalhadores apoiaram a campanha da presidente Dilma Rousseff, haverá pressão por reajustes:

- Greves e manifestações irão aumentar. Nosso apoio não foi uma adesão ao governo e vamos reivindicar aumento real. Há 50 anos ouvimos que salário gera inflação, mas isso tudo é conversa fiada.

Canindé Pegado, secretário-geral da UGT, disse que os sindicatos não vão obedecer ao indicativo do governo para negociar só a inflação passada. A UGT está orientando as entidades a negociarem ganhos reais para recompor o poder de compra. Ele disse que a proposta do governo chegou como uma ameaça.

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