Negócio feito pela Telefônica no Exterior pode fazer com que Vivo e TIM se tornem uma única empresa no Brasil. Saiba por que isso é ruim para os consumidores e o que será feito para barrar a operação
Por Wilson Aquino
O capitalismo
moderno tem uma série de defeitos, mas também muitas virtudes. Talvez a
principal delas seja a livre concorrência entre as empresas. Quanto
maior a competição entre elas, mais os consumidores se beneficiam – com
preços menores e serviços melhores oferecidos por companhias
desesperadas para superar um rival. Essa lógica, porém, corre o risco de
desaparecer no mercado brasileiro de telefonia móvel. Na semana
passada, um negócio fechado no Exterior deu margem a inúmeras
especulações sobre o futuro das operadoras que atuam no País. A
espanhola Telefônica, dona da Vivo no Brasil, anunciou que vai aumentar
sua participação na holding que controla a Telecom Itália, dona da TIM.
Significa que, na prática, a Telefônica passaria a controlar as
operações nacionais tanto da TIM quanto da Vivo. Os números dessa união
impressionam. Juntas, Vivo e TIM dominariam 55,84% do mercado
brasileiro, com 150 milhões dos 268,4 milhões de celulares existentes
por aqui. Restariam, para concorrer com elas, a Claro (com 25% de
participação) e a Oi (18%). O que aconteceria com os consumidores se uma
gigante comandasse mais da metade do setor no Brasil?

As empresas ainda não informaram os planos
para o Brasil. Pela lei, elas têm que comunicar ao Cade a intenção do
acordo. “Obviamente, o Cade não pode vetar atos que ocorrem fora da
jurisdição brasileira, mas tem plenos poderes sobre o que tem impacto no
Brasil”, diz o professor Azevedo, da USP. “Pode, por exemplo, obrigar
que a TIM seja vendida para outro player no Brasil, o que, na prática,
seria um bloqueio da operação.” Eduardo Tude, presidente da Consultoria
Teleco e um dos maiores especialistas do País nessa área, também acha
improvável que o Cade autorize a junção das companhias. Na semana
passada, o ministro das Comunicações, Paulo Bernardo, disse que a
legislação brasileira impede que a Telefônica detenha ao mesmo tempo a
gestão de Vivo e TIM no mercado nacional. “Um grupo não pode ser
controlador do outro e manter duas empresas”, declarou o ministro, que
depois foi desautorizado pela presidenta Dilma Rousseff. Segundo Dilma,
“essa não é a posição oficial do governo, ainda”. Uma saída interessante
para os consumidores seria a compra da TIM por outra operadora, o que
devolveria ao mercado nacional a competição mínima necessária para não
prejudicar os consumidores. Na semana passada, surgiram os nomes da
americana AT&T e da britânica Vodafone como possíveis interessadas
em adquirir a TIM. Se isso realmente acontecer, as velhas leis que regem
um mercado saudável seriam restabelecidas.
Fonte:
http://www.istoe.com.br/reportagens/326584_LIGACAO+PERIGOSA
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