Foi uma ação coordenada, que teve como resultado as
recentes pressões de órgãos do governo sobre empresas do setor de serviços que
costumam aparecer no topo das listas de queixas dos consumidores. Primeiro
foram os bancos, depois os planos de saúde e, na semana passada, as operadoras
de telefonia celular. Três delas tiveram suspensas, por ordem da Agência
Nacional de Telecomunicações (Anatel), as vendas de novas linhas em
determinadas regiões.
O movimento surpreendeu, pelo ineditismo e pela
intensidade. As empresas alegam que havia, antes da proibição das vendas,
outros mecanismos para a entidade cobrar delas o cumprimento das metas
estabelecidas quando assumiram as concessões para prestar um serviço público.
Houve quem visse uma jogada populista na ação da Anatel, uma forma de o governo
angariar simpatias com uma causa que certamente seria bem-vista pelos usuários
de celulares, assim como foram no cerco aos planos de saúde e aos juros
bancários. Pode-se, porém, ver a questão de outra maneira.
Com a economia
estabilizada, a inflação sob controle, os níveis de emprego em patamares
positivos históricos, não seria o momento justamente de discutirmos e aperfeiçoarmos
a forma como os serviços públicos chegam aos cidadãos? O arcabouço necessário
para isso está posto. Há leis, agências reguladoras, metas e empresas que se
credenciaram prometendo investimentos e eficiência. Se cada um fizer a sua
parte, damos mais um passo em direção ao título de país desenvolvido, que tanto
almejamos. O respeito às regras e aos brasileiros deve ser imposto às empresas
tanto quanto aos governos. Também há metas para a saúde pública, para a
educação pública, para o transporte público, para a segurança pública. O rigor
na exigência de seu cumprimento, semelhante ao usado na cobrança às operadoras
de celulares, seria também muito popular e necessário.
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